segunda-feira, maio 18, 2009

MUSEU, de Véronique Roy

Ciência, filosofia, religião. O tripé que rege uma série de questões e dúvidas da Humanidade, sendo muitas vezes motivo de polêmica, ganhou vida na literatura cinematográfica da roteirista e arquivista francesa Véronique Roy.

No Museu Nacional de História Natural de Paris, eminentes cientistas encontram-se sob forte agitação: um meteorito anterior à criação do nosso sistema solar pode ser a prova da origem extraterrestre da vida na Terra. Ressurgem antigas controvérsias. Seria o homem o produto acidental da evolução ou o fruto de um “desígnio superior”, isto é, a criação de Deus?

Para passar as coisas a limpo, o diretor do Museu recorre a dois especialistas: o paleontólogo e geólogo norte-americano Peter Osmond, ateu convicto e ferrenho opositor da tese criacionista, e o italiano Marcello Magnani, astrofísico enviado pelo Vaticano. A intrépida conservadora do Museu, Léopoldine Devaire, preocupada com o repentino desaparecimento de um baú no interior da instituição, ajudará os dois em seus trabalhos.

Entretanto, logo após sua chegada, Peter Osmond faz uma descoberta macabra: a bióloga Anita Elberg é encontrada num aposento escuro pavorosamente dissecada. A polícia francesa abre as investigações, mas não avança no caso. E, pior: durante sete dias, outros assassinatos não param de se suceder. Osmond, Magnani e Léopoldine decidem se unir para descobrir a verdade e pôr um fim nos atos bárbaros que têm abalado a instituição.

Livro: MUSEU
Autor: VÉRONIQUE ROY
Editora: Bertrand Brasil
1ª Edição (2008)
Páginas: 378
ISBN: 9788528613568


Comentários de alguns dos Ts&Ts sobre MUSEU:

Martina Memory: Confesso que não entendi o porquê deste livro ter sido tão incensado e elogiado, inclusive (como, aliás, virou moda) com comparações absurdas com Dan Brown. A ponto do Le Parisien ter tido o topete de afirmar que Museu contém MAIS brilhantismo do que O Código da Vinci. Para começar o livro não tem um centésimo do ritmo dos thrillers de Dan Brown. Além disso, a história é muito confusa, entupida de debates chatíssimos sobre Ciência, Religião, Darwin, etc, com personagens insípidos e um final ridículo, que encerra uma trama agonizante, presunçosa e sem nexo. Por que Véronique Roy, nesse livro de estréia, não escreveu uma obra de não-ficção falando do Museu Nacional de História Natural de Paris e dos embates entre criacionistas e darwinistas? Para que se meter a escrever um thriller?

W@L: O tema de Museu é muito interessante e atual. Sem contar que é sempre bom ler thrillers escritos por escritores de fora dos Estados Unidos e Inglaterra. Mas ele podia ter sido mais bem desenvolvido. Para começar, há personagens demais e suspense de menos. Os crimes cometidos ao longo da trama não chegam a chocar como o esperado; quando muito, dão uma sensação de que a autora apelou, tentando criar uma atmosfera de terror macabro, sem conseguir. Dos personagens, gostei da dupla Peter Osmond - padre Marcello Magnani e achei engraçado o interrogatório do mal-humorado professor Servan. As descrições do Museu de História Natural de Paris e as várias explicações sobre fatos históricos e científicos são interessantes, dá para sentir que a escritora realmente sabe do que está falando, mas isso não basta para criar um thriller de verdade. Os personagens precisam de mais alma, o suspense precisa ser mais elaborado e o final, menos previsível (descobri quem era o assassino na metade do livro).

Beta Langdon: A leitura de Museu não engana: a gente logo vê que é a obra de estréia de uma autora sem intimidade com thrillers. O livro é arrastado, em nenhum momento pinta um clima de suspense (há algumas tentativas, todas fracassadas) e a gente até perde o interesse de descobrir a identidade do assassino, o que é uma coisa imperdoável num romance de mistério. A "conspiração" que Véronique Roy monta envolvendo cientistas e criacionistas fanáticos não é forte o suficiente para sustentar o livro. Diversos fios da trama ficam soltos, como o caso do meteorito e os personagens em excesso atrapalham demais o núcleo de protagonistas, formado por Peter Osmond, padre Magnani e Léopoldine Devaire. Osmond tem momentos engraçados, é um personagem simpático que podia ter sido melhor trabalhado. Léopoldine é uma heroína sem tempero e sem carisma. Não chega a existir um duelo de fato entre Religião e Ciência, como a sinopse do livro sugere e o anunciado "horror que não conhece limites" não é nada mais que uma sequencia de crimes apelativos contra personagens apagados ou antipáticos com quem o leitor pouco se importa. De positivo, pode-se dizer que o livro é muito bem escrito (ou traduzido), os cenários são bem apresentados e a trama é inteligente e instrutiva. Mas faltou emoção e um conflito realmente forte que mobilizasse o leitor.

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