segunda-feira, junho 15, 2009

Textos & Thrillers entrevista JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS

Flavia Andrade


Nascido em Moçambique, então colônia de Portugal, em 1964, o português José Rodrigues dos Santos é, além de escritor, professor da Universidade Nova de Lisboa e jornalista, profissão onde é mais conhecido. Trabalhou na BBC, em Londres, colaborou com a CNN, e está, atualmente, na RTP — Rádio e Televisão de Portugal. Cobriu diversos conflitos ao redor do mundo, incluido Timor-Leste, Angola, Bósnia e Iraque e recebeu prêmios importantes na área, como o Contributor Achievement Award, em 2000, pelo conjunto do seu trabalho.

Autor de uma dezena de livros, José Rodrigues dos Santos publicou algumas obras ensaísticas antes de estrear na ficção, em 2002, com o romance A ILHA DAS TREVAS, que relata o drama de uma família timorense no período entre o início da ocupação indonésia no Timor-Leste e a independência do país. Mas seu primeiro thriller, O CÓDEX 632, foi lançado apenas em 2005, atingindo imediato sucesso e notabilizando o seu protagonista, o professor de História Tomás Noronha, como uma espécie de Robert Langdon português. Tomás Noronha protagoniza outros thrillers de Rodrigues dos Santos, como O SÉTIMO SELO e A FÓRMULA DE DEUS, todos publicados, no Brasil, pela Editora Record. (Entrevista concedida por e-mail, de Lisboa)


Textos & Thrillers – Por que a opção por escrever thrillers?

José Rodrigues dos Santos – Gosto da acção e da tensão inerente à escrita e à leitura dos thrillers. No entanto, procuro que os meus thrillers sejam um pouco diferentes dos habituais. Os thrillers são, em geral, puro entretenimento. Mas eu tento que os meus thrillers, para além da parte da tensão, tenham uma parte de conhecimento que seja muito forte. Por exemplo, em O Sétimo Selo procuro, através de uma história de acção, mostrar o que se passa com as alterações climáticas e revelar o problema do fim do petróleo, algo que está a acontecer e que não é noticiado.

Ts&Ts – Como se deu o começo da sua carreira literária?

JRS – Foi por acidente. Um amigo escritor, a quem eu devia um favor, pediu-me para lhe escrever um conto para a sua revista literária. Sem ter como recusar, lá comecei a redigir o conto. O problema é que me entusiasmei e, quando dei por ela, o conto já tinha 200 páginas! Foi o meu primeiro romance. O bichinho da escrita ficou e, às tantas, já estava a escrever um segundo romance.

Ts&Ts – O thriller não possui tradição na literatura em língua portuguesa e só recentemente escritores brasileiros e portugueses passaram a se dedicar ao gênero. Na sua opinião, o thriller tem chances de se firmar concretamente dentro da literatura em português ou está condenado a ser eternamente visto como uma imitação da literatura anglo-saxã, onde ele é mais forte?

JRS – Acho que o thriller se pode afirmar perfeitamente como género lusófono se os escritores de língua portuguesa entenderem bem o seu público e souberem contornar os obstáculos culturais que naturalmente se levantam.

Ts&Ts – Que elementos diferenciariam um thriller americano de um thriller português, por exemplo?

JRS – Não sei se se pode falar no thriller português ou brasileiro como sub-género. No meu caso procuro que a diferença entre os meus thrillers e os outros esteja no valor acrescentado do conhecimento. Já lhe falei em O Sétimo Selo, mas posso-lhe dar o exemplo de um outro romance meu, A Fórmula de Deus. Através de uma história de espionagem que envolve a CIA e o VEVAK, os serviços secretos iranianos, este thriller fala sobre ciência e religião e questiona coisas fundamentais como a possibilidade de provar cientificamente a existência de Deus e explorar a questão do sentido da nossa existência. Os thrillers em geral são passatempo, mas eu procuro que os meus thrillers sejam também ganhatempo - ou seja, esforço-me para que, através de uma história emocionante, os leitores aprendam algo mais sobre si e o mundo que os rodeia.

Ts&Ts – Qual a sua opinião em relação à idéia de que o thriller seria uma literatura “menor”?

JRS – O thriller será género menor se se tornar previsível e não tiver qualidade. Cabe aos seus autores emprestarem-lhe tal qualidade que ele se torne género maior. Mas também é verdade que a maior parte das catalogações tendem a ser preconceituosas e acho que nós não lhes devemos dar demasiada importância.

Ts&Ts – Está trabalhando em algum livro novo neste momento? Tem algum lançamento em vista?

JRS – Tenho, pois. O meu novo thriller vai sair em Outubro em Portugal. No Brasil acabou de sair O Sétimo Selo, lançado pela Record.


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Na próxima segunda-feira, o Textos & Thrillers entrevista
PEDRO DRUMMOND